FLEXIBILIZAÇÃO do processo de
ensino-aprendizagem
PROVOCAÇÃO – A arte de ser feliz /
Cecília Meireles
Olhando pela janela, em cada lugar ela via coisas
interessantes que lhe tocavam o coração e sentia-se feliz. Quando fala para as
pessoas sobre o que via e dos sentimentos agradáveis que lhes vinham a tona, uns
dizem que não viam nada daquilo e que aquelas coisas não existiam ali, outros dizem
que é preciso aprender para poder ver o que ela vê.
Todos nós temos um olhar singular, uma percepção diferenciada
por mais que nos mostrem a mesma coisa. Os alunos percebem a visão do professor
de forma diferente – uns apreendem os conhecimentos e vêem as coisas de um
jeito parecido com o do professor, outros conseguem entender quando o professor
segue outra linha de pensamento completamente diferente e outros ainda não
conseguem entender. Para estes deve-se usar outra metodologia para ajudá-los a
ver, do seu modo e a seu ritmo.
Os avanços da psicopedagogia tem o objetivo de atender às diferentes
necessidades individuais, como quanto aos meios e tempos de sensibilização,
percepção e apreensão do conhecimento e aguçar a utilização de ferramentas
inclusivas em processos flexíveis de ensino-aprendizagem .
DESENVOLVIMENTO HUMANO E O MODELO
BIOECOLÓGICO DE BRONFENBRENNER
Cada um de nós tem um jeito próprio de se relacionar, de
perceber, sentir, conhecer, vivenciar,
ensinar, aprender, - conceber os processos interativos onde apreendemos o mundo
e o modificamos, – construir as pontes individuais entre o nosso microcosmo e as
múltiplas possibilidades interventivas no
universo externo. Ensinar-aprender é diversificar os meios para contemplar os modos
específicos de ser, e, sensibilizar os diferentes indivíduos, acionar e direcionar
suas potencialidades à apreensão efetiva e aplicativa é uma tarefa complexa e
desafiadora.
Educar exige uma postura sistêmica e
transdisciplinar, uma didática que leve em consideração a multidimensionalidade
dos processos, a multirreferencialidade, promover a pluralidade de espaços,
tempo, e linguagens...( MORAES, 2008, p. 129).
No decorrer da vida, cada pessoa constrói uma estrutura existencial
singular, individualmente diferenciada e
particularmente interdependente de uma rede de fatores socioculturais e
ambientais influenciáveis. Segundo Bronfenbrenner, o ser humano é capaz de
criar as ecologias nas quais vive e se desenvolve - exerce atividades, padrões
de interação e papéis nos vários ambientes, contextos ou sistemas ecológicos a
partir de cada microssistema em que está inserido.

CRONOSSISTEMA
Cada microssistema
é constituído por três elementos: as
atividades, os padrões de interação (relações interpessoais) e os papéis.
Um mesossistema é um sistema de
microssistemas, composto por uma rede social formada pelas pessoas que
interagem com aquela cujo desenvolvimento está sendo o foco referencial, a qual
constitui o centro da rede. Os exossistemas
influenciam e recebem influencia da pessoa, sendo que esta não participa
diretamente – por exemplo, o ambiente de trabalho dos pais, que afetam a
dinâmica familiar e as relações conjugais. O macrossistema constitui o contexto sociocultural no qual a pessoa
em desenvolvimento está inserida, como as normatizações das leis, por exemplo,
de trânsito, trabalhistas, regras de um condomínio, influências religiosas etc.
O cronossistema envolve as
influências no desenvolvimento da
pessoa ao longo do tempo, mudanças e periodicidades.
As condições socioculturais e econômicas determinam direta ou
indiretamente a natureza das atividades, dos padrões de interações e dos papéis
exercidos ao longo da vida. A pessoa
vivencia inúmeros microssistemas como os ambientes familiar, escolar, profissional,
comunitário etc. Enquanto criança, geralmente passa da creche para o jardim e
depois para o ensino fundamental, quando não fica horas sozinha em casa ou com
os irmãos, - todos sem o direito de estudar,- porque a escola é longe e não tem
transporte ou por outros motivos. Na adolescência, muitos brasileiros deixam de
estudar, dos quais poucos retomam os estudos mais tarde. Daqueles que cursam o
ensino médio, muitos trabalham, outros fazem um curso técnico e/ou cursos de
capacitação. Quem consegue continuar estudando, faz o curso superior, -
bacharelado ou tecnológico – e a maioria também trabalha neste período e
possuem família constituída
.
MICROSSISTEMA ESCOLAR
Na escola, diversas atividades, padrões de interação e papéis
são desempenhados de maneira que caracterizam o ambiente de ensino-aprendizagem.
As partes constituintes do organismo educacional interagem e guardam
peculiaridades essenciais do microssistema escolar. Diretores e coordenadores,
alunos, professores, pais, auxiliares e parceiros da escola são os componentes
da comunidade escolar e formam os subsistemas - cada um deles é identificado pelas
respectivas intervenções, observadas as
espectativas que lhes competem.
Atividades sócio-educativas e persistentes, participação comprometida
com os anseios psicopedagógicos e inclusivos e papéis compatíveis às demandas
funcionais educacionais compõem o contexto geral de uma organização escolar,
tendo atividades significativas exercidas pelas partes que a competem, como: promoção
da difusão de idéias sobre as questões escolares, contemplando o debate
democrático nas coordenações pedagógicas – diretores e coordenadores;
comprometimento junto aos objetivos específicos e gerais do projeto político
pedagógico da escola – professores; participação freqüente, observância da
postura social e socioambiental e dos direitos e deveres – alunos; monitoramento
de entrada dos alunos como atrasos, uniformes e informações gerais – auxiliares
/ portaria; apoio e patrocínios em diversos momentos e eventos da escola –
parceiros.
AS NECESSIDADES HUMANAS
E AS CRENÇAS NA AUTOEFICÁCIA
Promover a crença na auto-eficiência e na autorrealização
fundamenta-se em planejar atividades de modo que os alunos possam escolher
temas e procedimentos – inseridos num determinado contexto contendo objetivos e
normas – ou tenham condições de realizar trabalhos por etapas em níveis
crescentes de complexidade, testando hipóteses, e que trabalhem em grupos, onde
possam discutir democraticamente assuntos relacionados direta ou indiretamente
com o tema foco, respeitando as diferenças entre eles, contribuindo
pessoalmente através da criatividade, aplicando seus dons e expondo suas
preferências e opiniões para a construção coletiva em questão.
Permitir que cada aluno desempenhe o trabalho de acordo com
seu próprio ritmo é outro tópico que deve ser contextualizado nas atividades. Reconhecer
as necessidades humanas específicas do aluno contribui para levá-lo ao
autoconhecimento, à auto-estima e autoconfiança, quesitos que atendem às condições
necessárias para a autorrealização e autoeficácia diante das habilidades e
competências trabalhadas.
Atuando em sala de aula e em ambientes virtuais, a
afetividade, a cooperação e a diversificação contextualizada dos recursos, de
acordo com a aplicação das respectivas tecnologias, são práticas geradoras de motivação,
satisfação e inclusão, que numa ação conjunta, potencializam a apreensão
efetiva de conhecimentos.
A AUTOESTIMA e seus
componentes cognoscitivos, afetivos/avaliativos e comportamentais
Processos de ensino-aprendizagem integradores apresentam
potencial significativo e dialógico, fatores que contribuem para a apreensão
integral do conhecimento e do autoconhecimento. Ao vivenciarmos experiências
reveladoras das nossas potencialidades trilhamos caminhos auto-construtores que
revigoram nossa autoestima e impactam positivamente nossas atitudes.
Os componentes cognoscitivo, afetivo/avaliativo e
comportamental envolvem contextos relacionados aos respectivos sentimentos de
autoconceito, autoaceitação e autonomia, segundo Aragón e Diez (2004).
De acordo com a opinião de um pai – a autoestima está
relacionada com o que pensamos sobre nós mesmos. Tem consciência de que fazer
elogios e valorizar as atitudes positivas do filho no dia a dia, favorecem a
motivação dele para seguir no bom caminho e que no momento de criticar as
coisas erradas, o bom senso é importante para manter a autoestima para fazê-lo
capaz de melhorar até corrigir a sua postura.
Segundo o pensamento de um professor – a autoestima revela a
importância que a pessoa dá a si própria, se ela está com a autoestima baixa
significa que não percebe o seu potencial e quando fica com autoestima elevada,
passa a acreditar nela mesma, tem convicção da própria capacidade. Quando o
professor critica grosseiramente o aluno, esta atitude interfere diretamente na
sua autoestima e este sente-se incapaz de continuar tentando para fazer melhor.
A crítica construtiva estimula a autoconfiança e favorece a capacidade de criação
do aluno em busca dos objetivos.
DIMENSÕES HUMANAS
Os processos de ensino e aprendizagem caminham para a
aplicação de recursos que contemplem, cada vez mais, a flexibilidade
contextualizada às diferentes características humanas e suas individualidades,
diante das múltiplas formas de saber viver, desde as nuances do sentir, de
apreender, de expressar, de construir e de criar.
Tracmé-Fabre (2006),
nascemos para: descobrir; conhecer as leis da natureza; organizar; criar
sentido; escolher; engajar-se e decidir; inovar, criar e imaginar; trocar e
interagir; entrar em reciprocidade. Buscar mutuamente a concretização das
nossas concepções criativas, enquanto professor e/ou aluno confirma
reciprocidade, confiança mútua e
bem-estar, levando ao autoconhecimento e ao protagonismo.
CRIATIVIDADE
Dos conceitos sobre as nossas experiências voltadas para o
bem viver, DeMasi faz colocações sobre a natureza humana em seu livro Criatividade e Grupos Criativos, como,
- as fontes de prazer são como sementes
de felicidade: um bom perfume, uma música, um pôr do sol, a carícia da pessoa
amada, um bom prato de comida, a cura de doenças, - nas vivências ao longo
da vida, tanto no que nos faz falta de imediato quanto na busca da qualidade de
vida duradoura. E, viver de uma forma prazerosa
implica viver de forma criativa.
Das características da criatividade apontadas por DeMasi
(2003, p.702-703) destaco A criatividade é doadora de paz. Quando buscamos uma
maneira de restabelecer o corpo e a mente da estafa, nos aproximamos dos
benefícios prazerosos de atividades criativas, que proporcionam encontros
saudáveis com nós mesmos e com os outros.
PRODUTOS CRIATIVOS E
CRIADORES
Desenvolvido pela empresa israelense Wiz Com Technologies e
comercializado pela Positivo Informática, o tradutor pessoal portátil
Quicktionary e suas novas versões, carregado com duas pilhas AAA, na forma de uma caneta, escaneia, traduz e lê
em voz alta um texto ou palavras. Ao se passar a ponta sobre o texto,
digitaliza, processa e mostra na tela a tradução do inglês para o português,
por exemplo. A versão TS da caneta tradutora possui novas funções, incluindo a
pronúncia em áudio, e também, o usuário pode digitalizar para o dispositivo
traduzir, e ainda, o consumidor pode agregar memória através de cards e outros
aplicativos.
AUTOR 4
Lista de antídotos: valorizar as idéias novas e criativas; sempre
tentar novas possibilidades; entender que os problemas podem estar relacionados
com nosso trabalho/estudo; estar aberto para modificações; ter confiança que a
direção vai aprovar; se não der certo valeu a tentativa; podemos tentar novamente,
pois o nosso resultado pode ser diferente.
FORUM 4
Toda vez que o aluno demonstrar novas idéias, maneiras
diferentes de resolver problemas, - a criatividade no trabalho, - devemos
incentivar a sua iniciativa. Se o professor, ao contrário, reprovar a sua
maneira de aprender, estará colocando uma barreira para este aluno, no processo
ensino-aprendizagem, pois aquele aluno não tentará novamente buscar soluções
próprias porque entenderá que suas propostas não serão aceitas e que ele
próprio não tem valor. É um erro comum do professor somente aceitar os resultados da maneira que
ele explicou. Às vezes o aluno chega ao mesmo resultado de outra forma, se o
professor não aceita, este desconsidera a criatividade do aluno, o que pode
causar um grande estrago. Tenho um exemplo do meu filho que resolve os
exercícios de matemática pulando algumas fases dos cálculos e chegando mais
rapidamente ao mesmo resultado. Se o professor não aceitasse esse processo, ele
perderia a sua forma criativa de fazer e talvez não fosse tão bem. Portanto as barreiras podem ser minimizadas através
do trabalho do professor, dando condições aos alunos de formularem suas
próprias respostas.
Projeto: Apresentar aos alunos uma situação problema e deixar
que eles formulem as suas próprias respostas. O professor deverá auxiliar para
que não se desviem do tema central, orientar as discussões no grupo rumo aos
questionamentos assertivos e no final considerar todas as contribuições
pessoais para a composição coletiva da resposta. Posteriormente, no final do
bimestre os grupos participam de um seminário sobre o tema e seus
desdobramentos e contextos.
AUTOR 5
Na realização dos trabalhos didáticos ou de grupos de
trabalhos por vezes nos deparamos com grupos que apresentam lideranças
autoritárias e temos que usar estratégias para “furar o bloqueio”. Em outros
grupos com dificuldades de se expressar e isto leva a uma situação de falta de
consideração com os integrantes e radicalização dos líderes. Sempre que realizo
trabalhos em grupo e reuniões de pessoas com interesses em comum, os melhores
resultados foram alcançados com grupos colaborativos, portanto sem a escolha de
um líder, no qual as responsabilidades são distribuídas entre todos os
participantes.
PESQUISA 5
Entre as estratégias testadas por mim no processo ensino-aprendizagem
a que mais surtiu efeito foi de trabalhar a autoestima dos alunos. Em um
trabalho realizado na escola pública, me deparei com uma turma de aceleração;
alunos com várias repetências e com defasagem idade-série. Tive que buscar os
recursos possíveis e impossíveis para trabalhar com grupos tão heterogêneos. A
metodologia de elevar a autoestima foi aplicada com sucesso, os alunos passaram
a acreditar mais em si mesmos e realizar as atividades propostas. Foi fornecido
tinta e eles mesmos realizaram a pintura do quadro negro, atividade que acharam
interessante. Com a utilização de atividades lúdicas, conto de histórias
relacionadas aos temas, os alunos desenvolveram a capacidade de ouvir,
conseguindo assim o foco necessário para atenção nas atividades das aulas.
Pouco tempo depois encontrei-os cursando o ensino médio.
AUTOR 6
Os trabalhos em grupos colaborativos e a elaboração de
pesquisas deliberando para cada aluno um assunto específico, com apresentação ao
final, fazendo com que o aluno tenha a devida participação. As atividades
lúdicas também são muito utilizadas as quais são apresentadas em forma de
brincadeira, passando posteriormente a um tema de pesquisa.
Mais utilizadas por mim: projetos interdisciplinares em
grupos com temas escolhidos pelos alunos e realização de pesquisas e experiências
práticas.
As que mais gostam: os alunos têm interesse especial por
estes projetos, onde desenvolvem a parte prática, nas quais eles podem desenvolver
os procedimentos, testar suas hipóteses
para chegarem aos resultados, processos que são compartilhados em exposições de
ciência, tecnologia e cultura.
FÓRUM 5
Os papéis e funções desempenhados pelo tutor na mediação dos
processos de ensino a distância devem unir à interatividade convidativa um conjunto
de fatores como: crítica construtiva-afetividade-incentivo-reconhecimento-feedback-mensagens
incentivadoras-flexibilidade que contribuam para manter a autoestima e efetivar
a motivação ao cumprimento de tarefas e prazos, afim de abrir caminhos dialógicos
rumo ao bom desempenho do aluno. Concomitantemente, o tutor deve informar sobre
o desenvolvimento e o progresso de cada aluno etc.
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Aluno que alega excesso de trabalho, curso “puxado” ou maior
interação devem receber atenção especial compatível com cada questão, sendo que
em todos os casos, o tutor deve estreitar a interatividade de saber mais sobre
o aluno e criar mecanismos dialógicos potenciais para ajudar o aluno.
TRANSDISCIPLINARIDADE
A flexibilidade é um dom muito especial – a arte das artes – que
remete às portas que se abrem, às descobertas e redescobertas, às múltiplas
possibilidades que podemos experimentar numa construção coletiva, onde um
também considera o outro para projetar e realizar o nós, incluindo suas inter-relações
planetárias. Neste contexto a flexibilização é o ambiente fértil da
transdisciplinaridade onde encontra-se a essência transdisciplinar, a qual liga
as disciplinas e vai além de cada uma delas.
Na nossa atuação profissional os conceitos trans
compõem a base capaz de potencializar as forças assertivas que convergem para
os objetivos da construção individual e coletiva do conhecimento e suas
múltiplas aplicabilidades.
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